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Os primeiros passos trôpegos na tradução

Foto de um nenufar sobre a água
Um nenufar…

Essa é uma crônica de um pretendente a candidato a futuro tradutor.

Pois é, entre os “tradcasters” tem um que admira profundamente essa profissão e tem vontade de tentar seguir os passos dos amigos de podcast (e muitos papos), mas não sabe se tem as qualidades necessárias.

Nós sabemos que alguns dos nossos ouvintes passam pelo mesmo dilema então eu, o quarto elemento (queria muito ser o quinto e ter um super-código de DNA, mas, fazer o quê? E eu não ficaria bem como uma ruiva), decidi contar um pouco das minhas tímidas incursões.

Sim! Eu, o Roney, já andei fuxicando Wordfast, MemoQ, Swordfish e outras. Para quem não sabe essas são ferramentas de auxílio à tradução.

A primeira coisa que alguns leigos pensam é isso: aquele fotógrafo é maravilhoso, que câmera ele usa?

Então, querem saber o que eu, um “não tradutor”, percebi usando essas ferramentas? É uma longa história…

Como elas dividem o texto em trechos ajuda a não nos assustarmos com a extensão do que temos pela frente, mas elas não ajudam nada a aprender a traduzir.

Tá… A história não é tão grande afinal de contas! Hehehe!

O que realmente me mostrou o tamanho do caminho a seguir foi sentar e traduzir ou até mesmo ler traduzindo mentalmente.

Sim, pois a primeira coisa que a gente precisa para traduzir, pelo menos eu acho, é ser capaz de ler no idioma de origem, né? 😉

Acontece que ler é bem diferente de traduzir.

Em primeiro lugar a gente não lê traduzindo, a gente não fica pensando “the dog is happy” quer dizer “O cachorro é feliz” e então a frase quer dizer “o cachorro está feliz”. A gente via lendo direto.

Até o dia que eu sentei para traduzir achei que isso não seria um problema… Bem, talvez não seja para alguns, mar para mim é! Diversas vezes me pego lendo um livro e pensando “Nossa! Não sei como diria isso em português!”.

Então aqui vai meu primeiro passo trôpego na tradução:

Leia coisas traduzindo para a sua língua. Sente de vez em quando para traduzir um artigo, um trecho de um romance, uma crônica, um conto… Não tente traduzir uma poesia, tradutores que traduzem poesia são seres sobrenaturais… É sério! Eu acho isso mesmo! Tá, não acho, mas que é outra história… Ah! É!!

O segundo…

Pegue um livro em português mesmo (considerando que essa é a sua língua mãe) e preste atenção numa coisa, ok?

Posso dizer?

Lá vai…

Você entende — absolutamente — tudo que lê? Cada “nenúfar”, “pernóstica” e “avonda!” que o louco do autor resolveu colocar lá só para mostrar que ele teve uma infância feliz nos campos floridos longe da cidade, leu A Borboleta Atíria ou aquela tradução clássica de Paradise Lost?

Olha, eu não!

Confesso que, quando lí nenúfares pela primeira (e acho que única) vez eu simplesmente pensei “ok, é um campo coberto com algum tipo de flor”.

A propósito, só agora eu vi, pelo jeito nenúfar é Vitória Régia…

Muito bem, “pernóstica” eu fui no dicionário ver pois era uma qualidade da borboleta que me pareceu importante e Avonda! eu tive que buscar no dicionário também porque era uma das palavras mais absurdas que eu tinha visto na minha vida além de Yahoo!, mas Yahoo! é um nome.

Então esse é o segundo passo trôpego…

A questão é que a gente pega muita coisa pelo contexto quando estamos lendo, mas quando estamos traduzindo, para fazer um bom trabalho, temos que entender tudo, tudinho, tudinhozinho… Ou não?

Esse está longe de ser um texto para iniciantes no ofício da tradução — e por isso já comecei avisando que era uma crônica —, mas achei que seria divertido para os tradutores que já esqueceram como foram seus primeiros passos e para quem está nessa fase agora.

Tem vários outros passos que eu certamente esqueci e que nem imagino que existem pois não senti na pele ainda.

Revisão por exemplo… Tem que revisar tudo… Eu não revisei essa crônica… Foi direto. Deve ter gente que pode fazer isso, mas eu certamente não sou um exemplo! 😉

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